Advertências do cientista Carlos Nobre

Eliseu Auth

A semana que passou nos trouxe a boa notícia de que o cientista brasileiro Carlos Nobre, da USP como 1º brasileiro a integrar a histórica Academia científica “Royal Society”, uma das primeiras e mais importantes sociedades científicas do mundo. Ela se destina à promoção do conhecimento científico, reconhecendo cientistas que contribuíram com a melhoria do conhecimento da natureza. Já figuraram entre seus membros, nada menos que Isaak Newton, Darwin e Albert Einstein. Consta que D. Pedro II também a integrou.

Há décadas, o cientista se dedica ao estudo do clima, suas mudanças e ao aquecimento global, com atenção ao papel da nossa Amazônia. Diante dos ataques que as florestas vêm sofrendo com grilagem, fogo e garimpo ilegal, registrando records a cada ano que passa, é preciso ouvir as advertências, já em voz rouca, dos cientistas. Por isso, lembro nosso Carlos Nobre. Já tratei do perigo que é o aquecimento, mas precisamos lembrar isso todo o santo dia. Tem que penetrar na alma como um dos princípios que guiam nossos passos.

O nosso lúcido ambientalista Carlos Nobre, adverte: “Há colegas meus que dizem que a savanização (da Amazônia) já começou. Ainda acho que dá para evitar o pior se a gente zerar rápidamente o desmatamento e restaurar grandes áreas, gerando chuvas e diminuindo temperaturas. Mas, tem que acontecer a jato.” E anota que o desmatamento acelerado no Brasil está dando em estações de seca três a quatro vezes mais longas, especialmente na região sul. Essa destruição da grande floresta já absorve menos carbono.

Esta reflexão com os ilustrados leitores do “Umuarama Ilustrado” pode parecer redundante, mas não custa ser feita e refeita. Dita e redita. Afinal, é nossa vida e sobrevida dos nossos filhos e netos que está em jogo. Nada menos que isso. Muitos já fazem sua parte, mas precisamos ser sacerdotes da boa causa e projetar essa consciência no voto em forma de súplica aos futuros governantes do país. Na esteira, escolher um presidente que respeita o meio ambiente. As florestas em pé dão lucro sim. E nos protegem. Urge repararmos o mal feito. É só ouvir e atender as advertências do cientista Carlos Nobre.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).