Umuarama

Saúde

Acumular obsessivamente objetos pode ser um transtorno mental e precisa de tratamento

03/08/2020 08H15

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A Vigilância Sanitária de Umuarama precisou de dois caminhões de lixo para retirar objetos acumulados em uma residência no Parque Dom Pedro I. O entulho tomava conta de todos os cômodos da casa de uma mulher de 55 anos. Essa situação foi registrada no último dia 25 de julho e pode se tratar de caso de acumulação compulsiva, também conhecido como transtorno de acumulação.

A acumulação obsessiva de objetos e animais vem sendo registrada corriqueiramente na cidade pelos agentes da Vigilância em Saúde Ambienta e conforme a psiquiatra Caroline Stefani De Mattos o hábito pode se tornar uma doença, conhecida como transtorno de acumulação e que acomete mais mulheres, com incidência de 2% a 5% da população.

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“No transtorno de acumulação a pessoa tem dificuldade de descartar ou se desfazer de bens, independentemente do valor real deles. Essa dificuldade resulta na acumulação de objetos, animais entre outros bens que congestionam e entulham ambientes a tal ponto que fica impossível viver na residência”, disse a psiquiatra.

A acumulação frequentemente prejudica a interação social, pois o acumulador pode não permitir que outras pessoas e membros da família entrem na sua casa, pois ficam envergonhados com a desordem. “Existe um problema mental, agravado por outros transtornos. Essa situação também vai gerar outros problemas de saúde, pois em meio ao lixo surgem insetos, animais peçonhentos e que transmitem doenças”, explicou Caroline Mattos.

Segundo o coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental, Carlos Roberto da Silva, os agentes de vigilância já identificaram mais cinco pessoas na cidade que podem enquadrar no perfil de acumuladores. “Vemos alguns catadores de recicláveis começando a acumular coisas, como também temos casos de profissionais de outros setores da sociedade acumulando objetos sem necessidade”, ressaltou.

No caso da senhora de 55 anos, em sua casa havia mais de 100 bonecas, malas, bolsas, recicláveis e roupas velhas empilhadas em todos os cômodos e só uma estreita passagem livre para caminhar dentro da casa. Durante a limpeza, que exigiu uma pá carregadeira, surgiram muitos ratos e baratas, sendo que o trabalho começou por volta das 8h e durou até as 15h.

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Diagnóstico

Pacientes têm dificuldade de descartar ou se desfazer dos bens, independentemente do valor real deles e muitas vezes ocorre por causa da necessidade de guardar os itens e ao sofrimento associado com o descarte deles. Os bens acumulados congestionam, atravancam ambientes ativos e comprometem substancialmente a utilização prevista desses ambientes. A acumulação causa sofrimento ou prejudica o funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas.

Tratamento

Segundo a psiquiatra Caroline Stefani De Mattos, a acumulação obsessiva tem tratamento com terapias e até, dependendo do caso, com administração de medicamentos. “Os familiares precisam se aproximar da pessoa que acumula e buscar um diálogo para ela entender que é necessário um tratamento para tal transtorno”, finalizou.