Eliseu Auth
Vou repetir. Gregários que somos, na convivência em sociedade, a liberdade de ninguém pode ser absoluta. Ela terá seu limite no marco civilizado que respeita a liberdade do outro. Do contrário, seria uma ditadura do mais forte. Lembro a advertência do magnífico Rousseau em seu “Contrato Social”: “O mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, se não transformar essa força em direito e a obediência em dever”. (in “Como os Advogados salvaram o mundo” – Edit. Nova Fronteira – pág. 116). O raciocínio é lógico e tão elementar que a mais ínfima centelha de bom senso concorda com ele.
As obstruções nas rodovias, por fãs ou por nefas, ferem o direito de ir e vir que todos têm. Se é legítimo o direito de manifestação, protesto ou quetal, coisa que a democracia permite, isso deve ser feito sob a premissa de que não está tirando a liberdade de alguém. O outro não pode ser impedido de fazer o que precisa para sobreviver: Coisas como ir ao médico, ao hospital, ao mercado ou ao trabalho que o sustenta. Mercados precisam se abastecer, hospitais tem que ter insumos, vacinas, remédios etc.. Viajantes precisam viajar e vendedores precisam vender. Impedi-los não é humano nem cristão. Vivemos num intrincado sistema de interdependência. Bom, diante dos bloqueios à circulação, aguardo que os encarregadas da ordem e das leis, façam a sua parte. Se houver crimes, apurem e responsabilizem. Será remédio para afastar a impunidade e prevenir uma possível e reprovável reincidência.
A vida precisa continuar. A pátria amada necessita reorganizar-se. Fazer o bemfeito e desfazer o malfeito. Devolver a paz e a fraternidade perdidas para a intolerância que divide pessoas e famílias. Perdemos a noção de que discordar, ter visões diferentes de nós é próprio do respeito ao outro. A paz e o bom senso precisam voltar entre nós. E eu sei que voltarão. Afinal, pensamos.
Nos próximos dias teremos a Cop-27 – Cúpula do Clima no Egito, que reinirá as Nações do mundo inteiro. O planeta Terra vai agradecer a todos os homens que têm boa vontade com ele. Ele suplica que atentemos aos fenômenos que já ocorrem devido ao seu aquecimento acelerado. Ouçamos o clamor dos cientistas e dos líderes do orbe, seguindo o que vão pedir que façamos por nós, nossos filhos e netos. Afinal, a vida precisa continuar.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).
