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Após as fortes chuvas que atingiram Umuarama na tarde da última quarta-feira (21), moradores do Parque Industrial, bairro mais afetado, ainda contabilizam os estragos. A enxurrada levou lama e destruição para diversas famílias, as quais perderam móveis, roupas, eletrodomésticos e eletrônicos. Problemas estruturais também apareceram nas residências.
É o caso de Jackline Lodi, a jovem de 19 anos está com o parto do seu primeiro filho marcada para este sábado (24) e perdeu praticamente todo enxoval do bebê, após ter a casa alagada. Ela e o marido, Kleisson Patussi, moram na casa há pouco mais de um ano e essa é a segunda vez que o imóvel foi invadido pela enxurrada. “Na primeira vez foi um pouco mais leve. A água entrou só na sala e na cozinha, mas dessa vez invadiu os outros cômodos também”, relata.
De acordo com a futura mamãe, ela e o marido estavam felizes com a expectativa da chagada da pequena Lavínia Emanuelly, prevista para nascer neste sábado (24). “Estava tudo pronto, guarda-roupa e berço montados, tudo em seu devido lugar. Apenas as roupas e fraudas estavam ainda no chão, pois estava organizando essa parte”.
Foi nesse momento de organização, que a jovem percebeu a enxurrada entrando em sua casa, minutos após a chuva começar. Jackeline ressaltou que em pouco tempo o interior da casa estava cheio de barro e água, sem tempo de salvar o enxoval do bebê.
Sentindo as dores do parto, Jackline contou que não está empregada e que a única fonte de renda do casal é a do marido, que faz diárias em uma funilaria. O casal não tem condições de montar novamente o enxoval para a filha em tão pouco tempo, por isso pede ajuda da comunidade. Principalmente para aquisição de uma guarda-roupa que foi destruído pela lama. “Os móveis eram de MDF e incharam tudo com a água”, disse. Quem quiser doar para o casal pode ligar no (44) 98423-1886.
Claudirene Ferreira Marques, 41 anos, há três anos mora com os dois filhos, um jovem de 18 anos e uma moça de 16 anos, em uma pequena casa no parque Industrial. A única renda da família é de Claudirene, que faz diárias apenas duas vezes por semana. A mulher e os filhos também viveram o drama de perder tudo, após a casa ser alagada.
A casa onde a mulher mora fica na rua Almeida Junior e foi uma das mais atingida no bairro. A força da enxurrada chegou a derrubar uma porta com o batente. “Foi muito rápido. Quando fui ver a água e o barro já tinham invadido a casa. Corri para abrir a porta dos fundos, mas quando me aproxime a força da água derrubou porta com batente e tudo”, narra a moradora.
Claudirene ainda explicou que perdeu roupas, calçados, móveis e eletrodomésticos. Para que ela e os filhos pudessem se alimentar, vizinhos e familiares emprestaram um fogão, uma mesa e uma pia. “É a segunda vez que isso acontece aqui. Se eu tivesse condições de pagar um aluguel melhor teria me mudado, porque essa parte do bairro acontece alagamento com frequência”, desabafou.
O bairro Industrial há anos sofre com enchentes e inundações, porém o problema vem agrando ao longo dos anos, principalmente com o surgimento de novas casas e bairros ao redor, que acaba aumentando a impermeabilização do solo. Outro situação agravante são os poucos bueiros e entupidos. Sem tubulação adequada, a situação faz as águas das chuvas correrem para as regiões mais baixas inundando as casas.
Em nota, a assessoria da prefeitura de Umuarama informou que o setor de projetos técnicos da Prefeitura já realizou um estudo e está desenvolvendo um projeto para implantar um novo emissário na região do Parque Industrial, aumentando a capacidade de captação da água das chuvas.
A administração também informou que não há prazo para iniciar a execução, pois será necessário um processo licitatório para contratar uma empresa especializada para a realização das obras.
O Município finalizou a nota dizendo que a situação é agravada pelo descarte de lixo nas ruas, que acaba obstruindo as bocas de lobo e dificultando a passagem da água em dias de chuva forte.
A prefeitura montou uma força-tarefa para atendimento às famílias atingidas pelas chuvas. As equipes de profissionais das secretarias de Obras e de Serviços Públicos estão trabalhando em horário especial para reparar os pontos mais críticos. Profissionais do Cras (Centro de Referência em Assistência Social) iniciaram o atendimento aos moradores do Parque Industrial ainda antes das 8h da quinta-feira (22), que buscaram ajuda na Associação Vida e Solidariedade – Dona Maria da Sopa.
Quem quiser doar roupas, cobertores, móveis e cestas básicas podem entrar em contato pelo telefone (44) 3906-1020.