Eliseu Aith
Meu time do coração é o Grêmio. Mas o Santos de Pelé tem lugar na minha memória afetiva. Era guri e estudava no seminário de Uruguaiana. Num desses “passeios grandes” (dia de folga), visitamos uma Estância (fazenda) perto do Uruguai. Enquanto alguns colegas e eu corríamos em busca de um rio para pescar e nadar, encontramos dois caboclos uruguaios que procuravam serpentes para não sei o quê. Um deles segurava uma cobra pelo pescoço. Quando nos reconheceram brasileiros, elogiaram que éramos da terra do Pelé. O resto não preciso contar. Se já tinha Pelé como herói, passei a ver que ele já mais que só orgulho nacional. Taí porque me doeu a queda do Santos de Pelé.
Tenho bons amigos em todas as torcidas deste imenso país. Todos têm meu carinho e respeito. Somos integrantes da mesma orquestra que faz o Concerto da harmonia e da diversidade no futebol. Nele, alegria e tristeza se alternam na metáfora de músicas alegres e tristes. De vitórias e derrotas, aplausos e vaias. Se parabnizo palmeirenses pelo título, aos santistas digo solidariedade e fé na subida que virá depois. Afinal, teremos o apoio de todos os santos lá do Céu.
Por último, mas não em último lugar, comemoro o título de vice-campeão do Brasil, conquistado pelo meu Grêmio. Gostinho meio amargo de “poderia ter sido mais”. Ah! se não tivéssemos perdido em casa, para o Corinthians… Não! Às favas o “se”! Vou festejar com os gremistas. Vibrar com Dr. Arno Prant, Dr. Guilherme Schmitt, Dr. Acadrolli, negrinho “Reforço” de Lovat, Cassimiro Ponciano da Silva, popular “Miro”, meu fiel escudeiro na Curimbatá e meus filhos Iuri, Pablo e Valeska. Citei quem me veio à memória, mas abraço toda a imensa nação gremista. Ela que é cantada em prosa e verso por gênios como Lupicínio Rodrigues, Teixerinha, Méri Terezinha, Jaime Caetano Braun, João de Almeida Neto e Borguetinho. Falei de futebol que ensina respeitar o outro. Por isso fiquei triste com a queda do Santos de Pelé.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).