Eliseu Auth
Sei que a Páscoa foi domingo, mas ela se protrai no tempo. Ela é a grande festa cristã que celebra a ressurreição do Cristo salvador. Sem ela, o cristianismo não seria a grande religião do amor e da tolerância que é e que precisa ser. Ainda estou no tempo de desejar a todos os ilustrados leitores do Umuarama Ilustrado uma Feliz Páscoa.
Intriga a rápida mudança no comportamento da multidão que aplaudia Cristo no domingo de ramos e estendia vestes para o doce nazareno passar. Logo depois, na quinta-feira essa mesma gente já não cantava “hosanas”, mas pedia que O crucificassem e soltassem Barrabás. Vá entender multidões. Também intriga a razão pela qual o Sinédrio, tribunal de então, presidido por Caifás, condenou Jesus que insistiu que seu reino não era deste mundo. Crime não havia e defesa também não. Pilatos não via mal algum, lavou as mãos e assim mesmo, em nome de Roma, mandou-o para a cruz.
Na infância e no tempo de guri, ao lado do Natal, era muito esperada. Papai e mamãe, muito religiosos, não descuidavam do lado espiritual. A gente tinha que confessar, ir à missa ou ao culto e comungar. Na sexta-feira da paixão ninguém podia falar alto. Carne não se comia e boi não se botava na canga em respeito ao Cristo que morria na Cruz para salvar a gente. O luto perpassava o sábado de aleluia. Neste dia, antes de dormir, a gente botava chapéus e caixas de sapato nas janelas para receber o presente do coelhinho da Páscoa. Às vezes, nem dormíamos de tanta ansiedade pelos presentes. Eram coisas simples que o coelhinho deixava. Ovos de amendoim pintados, bolachas coloridas, caramelos e alguma barrinha de chocolate “Neugebauer”.
Agora a festa acabou, mas a Páscoa continua. Então, convido os ilustrados leitores a estender de novo chapéus e caixas de sapato para os presentes que precisamos. Nem durmamos para esperar paz no mundo, planeta sustentável, dignidade nos governantes e prosperidade para nossa gente. É isso que pediria junto alguns chocolates, se voltasse a Páscoa da infância.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).