A impunidade e os malfeitos

Eliseu Auth

Virou rotina. De novo fomos surpreendidos com as investigações da polícia que apuram os atos antidemocráticos e a venda de joias da República. Não entendo como ainda tem gente que quer justificar as traquinagens. Tá ficando feio demais para a direita que esperneia sem argumentos. Os malfeitos estão na cara: As quebradeiras de “patriotas” enrolados na bandeira e a questão das joias. A desordem se esconde sob o embuste fascista “Deus, pátria e família”, enquanto atenta contra a Democracia. E tem quem defende as baixarias. O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” deve estar mordendo os lábios como eu, para ver se está acordado e não é pesadelo o que está vindo à tona.

Enfim, o Ministério Público Federal denunciou a cúpula da Polícia do Distrito Federal, a quem cabe proteger a esplanada dos Três Poderes, por omissão dolosa no vandalismo de oito de janeiro. Isso vai a julgamento e se os envolvidos forem condenados, o veredito precisa ser exemplar.

Nos anos Bolsonaro as instituições de Estado foram contaminadas pela política e pelo alinhamento ao governo. Elas precisam servir à Constituição e às leis que lhes dão razão de ser. Nunca ao governante. É chegada a hora de repô-las no seu devido lugar e desinfetá-las do mau contágio. Ministério Público, exército, polícias federais e militares são importantes e precisamos delas. Mas não são poderes da República e só têm o poder que a lei lhes dá.

Espero que as investigações sigam em frente. Que sejam completas, apontando quem desviou joias da República e quem atentou contra a Democracia. Não adianto juízos que são da Justiça. Depois do processo, se condenados, os culpados precisam pagar pelo que fizeram. Pagar o prejuízo, sair da instituição a que pertencem e ir à cadeia. Se não for assim, amanhã voltarão a se enrolar na bandeira, fecharão rodovias, quebrarão prédios públicos, atentarão contra a Democracia e dirão que foram infiltrados. E, de novo, tentarão nos enganar com o embuste fascista “Deus, pátria e família!”

Saibamos todos: Há íntima conexão entre a impunidade e os malfeitos.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).