Setembro Amarelo
Romper o preconceito, com certeza é a barreira mais difícil quando se precisa de ajuda para curar uma dor emocional. Ela é sentida, causa agonia, tristeza, ansiedade, desânimo, mas não é palpável e para muita gente ainda é frescura.
Para derrubar tabus, foi criada a campanha Setembro Amarelo, que vem para discutir e desmistificar os transtornos mentais, para que todos possam entender que é uma doença, que tem cura, mas para isso, necessariamente é preciso reconhecer que existe um problema e pedir ajuda.
“Ainda vivemos em uma sociedade onde as pessoas associam os transtornos mentais a loucura. Temos que desconstruir isso para que as pessoas deixem de ter receio, vergonha de pedir ajuda”, salientou a psicóloga e chefe de Saúde Mental do Serviço de Atendimento Psicológico (SAP), Nathália Ynae Marrique Giroldo, programa mantido pela Secretaria de Saúde de Umuarama.
Levantamento do SAP aponta que entre janeiro e junho o serviço atendeu 1.570 pacientes com algum transtorno mental, seja depressão, crises de ansiedade ou em situações mais graves, onde a pessoa já tentou o suicídio.
Não há um perfil definido entre os pacientes, mas o que chama a atenção é a quantidade de adolescentes. A estimativa é que mais de 150 pessoas entre 12 e 17 anos estejam em atendimento no local.
A maior parte já se auto lesionou ou se intoxicou com medicação que estava a disposição em casa. As causas são as mais variadas, passam por situações de bulling na escola, desentendimentos em casa, crises de ansiedade que podem ser geradas por se sentirem pressionadas, com medo, frustradas, perdidas.
O importante é o olhar atento dos pais para perceber quando seu filho está sofrendo.
Segundo Nathália Marrique, depressão é um distúrbio afetivo que pode ter grande impacto no jeito de lidar com a vida e com as atividades.
“Tem como características a tristeza que não vai embora, perda de interesse ou prazer em coisas que antes gostava, sentimentos de culpa ou inutilidade, baixa autoestima, alteração de sono e apetite, cansaço que não vai embora mesmo depois de descansar”, afirmou Nathália.
São sintomas que acendem o alerta para a necessidade de ajuda. “O diálogo é fundamental, ele fecha a porta do suicídio. Mas a falta de diálogo também pode abrir essa porta”, disse a psicóloga.
Ela ainda salientou que é importante perguntar como a pessoa quer ser ajudada. “As vezes queremos impor a nossa ajuda, sem considerar a necessidade da outra pessoa”, frisou.
Se a pessoa estiver em crise, o Samu deve ser acionado imediatamente para a pessoa ser levada até o Pronto Atendimento.
Nestes casos, no dia seguinte o próprio PA encaminha o paciente ao SAP para iniciar tratamento psicológico e psiquiátrico;
Os médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) também podem encaminhar a pessoa para tratamento do SAP