Eliseu Auth
Eliseu Auth
Semana passada, como de costume, fui ao jornal “Umuaram Ilustrado” e a Jéssica me passou uma encomenda. Olhei o remetente e vi que era de um ilustre umuaramense e amigo histórico. Renato Fontana, líder ruralista e exitoso em tudo que empreendeu. Era seu livro “Acontece com quem viaja”. Um livro cheio de histórias saborosas de família, viagens e muita ternura. Ele me fez lembrar um monte de coisas. A famosa “Casa Santa Catarina” era da família Fontana que conheci e com quem convivi. Lembro do seu Paulino e de dona Diamantina, catarinenses que aqui se aquerenciaram. Se tivesse pressa, não podia encontrar o Roberto, saudoso irmão do Renato e seus papos sempre inteligentes. Como nasci no Rio Grande amado e eles em Santa Catarina, origens, costumes, time de futebol, tradições e causos sempre estavam na pauta. E papear à mão cheia é defeito nosso por culpa do chimarrão que bota as pessoas em roda enquanto a cuia passa de mão em mão.
Enquanto abria o livro, minh´alma me cobrava porque ainda não tive a coragem de reunir escritos, fatos, experiências e idéias e compartilhá-los. Confesso que me acho preguiçoso e acomodado e isso me abespinha um tanto. Dizem que o homem completo planta árvore, tem filho e escreve um livro. De minha parte, árvores plantei, filhos tenho, mas livro não escrevi. Invejo o Renato e tantos outros que se botam, pesquisam e escrevem o livro. Na minha biblioteca tenho várias obras com dedicatórias. Dos autores me ocorrem Sérgio Cunha, Walter Sabella, Procurador de Justiça de São Paulo e colega de classe na Faculdade de Direito de Tupã. O jurista Ataídes Kist e meu filho Iuri Augustus também me brindaram com obras suas de Direito e poesias.
Esta história que Renato conta, me tocou. Cresci carregando balaios e cestas de vime que papai fazia. Fiquei com lágrimas nos olhos porque evocou um tempo que se foi. Ela lembra Valentino, um italiano que um dia, lá em Santa Catarina, pediu aos pais do Renato que o ajudassem a voltar à Itália de onde viera. O pai arrumou dinheiro ao pobre Valentino e a mãe lhe entregou uma cesta de vime com pão, queijos e salame para comer na viagem. Meio século depois, Renato e os pais foram à Itália, viram o Papa e visitaram Valentino em Taipana, cidade pendurada nos montes Apeninos. Lá encontraram Valentino que havia devolvido o dinheiro emprestado e ainda devolveu aquela mesma cesta de vime, agora cheia de flores e gratidão. Ainda deu uma festa com missa, jantar e música. Gostei, Renato. Obrigado pelo livro e pela saborosa história da cesta de vime dos Fontana.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).