Dr. Eliseu Auth

02/08/2022

A Carta pela Democracia

01/08/2022 19H49

Jornal Ilustrado - A Carta pela Democracia

Eliseu Auth

Semana alvissareira, foi a que passou. Minh´alma, há tempos sonha com a manifestação da sociedade em favor da Democracia e das suas sagradas instituições. E ela aconteceu, ainda que em medida que poderia ser mais contundente E com o povo tomando ruas, praças e estádios. É preciso enfrentar qualquer ataque contra a Democracia, regime das liberdades e do respeito à dignidade da pessoa humana.

A fatídica reunião do nosso Presidente com os Diplomatas estrangeiros, atacando o sistema eleitoral e Ministros do Supremo que defendem a lei em lisura comprovada, foi um fiasco acordou o sentimento democrático. Veio a reação. Estudantes e Professores da Faculdade de Direito da USP, sempre a USP, redigiram uma Carta em Defesa da Democracia e das urnas eletrônicas. Ela será lida no dia 11 de agosto, no Largo de São Francisco e já conta com mais de meio milhão de assinaturas. Nela estão nomes de peso na área jurídica, empresarial e financeira do país. Entidades representativas da indústria, intelectuais, artistas, cineastas, economistas, advogados, professores, sindicalistas, políticos, tudo gente que defende a democracia, também estão lá.

Vamos ouvir a leitura no dia dos advogados, 11 de agosto. Não é tudo o que eu queria, mas já é bom. Me lembro, o Diretório Acadêmico “Jackson de Figueiredo”, da Faculdade de Filosofia de Santo Ângelo, que tive a honra de presidir, fez uma grande passeata em 1968. A cidade se comoveu com os estudantes tomando as ruas da cidade e protestando, sorrateiramente, contra ditaduras, em pleno tempo de ditadura. Para convencer o Dops (Departamento de Ordem política e social), argumentamos que a principal razão era a ditadura comunista e a guerra do Vietnam. O Dops, através do capitão Krebs não censurou essa que foi a primeira passeata nas ruas de Santo Ângelo. Quem viu entendeu a mensagem que ajudou a forjar a têmpera democrática.

Vou terminar com palavras do grande escritor Érico Veríssimo. Em papel amarelado pelo tempo, fiz delas um lembrete de parede: “Odeio todos os tipos de ditadura. A causa daqueles que lutam pela LIBERDADE será sempre a minha causa. Não aceito como são e válido nenhum regime político ou econômico que não tenha como base o respeito à pessoa humana”. Se ele estivesse vivo, com certeza, assinaria a Carta pela Democracia.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).