SAÚDE
Umuarama – Ao menos 28 pacientes bariátricos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) participaram nesta segunda-feira (16) do primeiro encontro para orientação em grupo realizada em 2023. A ação faz parte do processo de preparação para quem vai se submeter ao procedimento cirúrgico e também para auxiliar quem já passou pela cirurgia e está em reabilitação.
O encontro foi no anfiteatro do Instituto Nossa Senhora Aparecida (Insa) e é o resultado de uma parceria entre o hospital, a 12ª Regional de Saúde e a Secretaria de Saúde de Umuarama. Entre os profissionais e pacientes ouvidos pelo Ilustrado, a resposta é a mesma, quando o questionamento é qual o maior desafio: a aceitação da condição da obesidade e da mudança de vida necessária para que o procedimento seja um sucesso ao fim da jornada, que é longa.
“O mais difícil é a aceitação”, enfatizou Patrícia Canassa da Rocha, de 46 anos. Ela está há um ano e meio na fila para realizar o procedimento, mas perrengues burocráticos no caminho ainda não permitiram que a cirurgia acontecesse. Ela afirmou estar preparada e que o caminho é longo, exige determinação e é muito doloroso emocionalmente.
Ela se encaixa no perfil de obesidade mórbida e com comorbidades, o que a seleciona automaticamente como uma candidata ao procedimento. Mas chegar até lá não é fácil. Com o auxílio da nutricionista, baixou 5 quilos, mas espera perder outros 30 após o procedimento para chegar a formatura do filho com um vestido longo e que a represente como mulher que se ama. “É uma ansiedade grande a espera”, salientou.
Danielle passou pelo processo no ano passado e hoje comemora os 42 quilos que ficaram para trás. Ela ainda está no processo de perda de peso. O mesmo desafio está sendo vencido por Bruna, uma jovem que passou pela cirurgia há 46 dias e está com 22 quilos a menos.
Todos os pacientes candidatos a uma cirurgia bariátrica passam por um acompanhamento multidisciplinar, que começa na Unidade Básica de Saúde (UBS), que é a porta de entrada. Após, o processo envolve atendimento psicológico, com nutricionista, com equipe de enfermagem e médica, que são feitas diretamente no hospital.
“Desde a recepção aqui no hospital já é diferenciada. Começa com a secretária que faz o primeiro contato. Foi treinada para poder acolher essa pessoa da melhor forma possível e proporcionar um acolhimento humanizado. Queremos que o paciente se sinta a vontade e bem”, enfatizou Tânia Mara Santos, gerente administrativa do Insa.
De acordo com a nutricionista Elis Regina Pereira de Souza, que há seis anos atua junto a pacientes bariátricos, 20% do sucesso depende da equipe de apoio, 20% do médico que realiza o procedimento e 60% do paciente, que tem que ter a consciência de que sua vida vai mudar para sempre.
“Eu não tenho como verificar se a pessoa está fazendo a dieta repassada corretamente, comendo a quantidade e nos horários necessários. Esses cuidados e essa consciência tem que ser do paciente”, enfatizou em conversa com os pacientes participantes do encontro.
Além dos pacientes, também participaram do encontro o prefeito de Umuarama, Hermes Pimentel, o diretor clínico do Insa, Leonardo Welter Júnior, a chefe da 12ª Regional de Saúde, Viviane Herrera e equipe multidisciplinar, enfermeira Elizangela Trevisan, psicóloga Daisy de Almeida, nutricionista Elis Reginal Pereira de Souza, entre outros.
Já o médico gastroenterologista André Bacelar, responsável pela realização dos procedimentos, juntamente com o colega Rodrigo Sandri, explicou que em 10 anos, o hospital deve chegar agora em 2023, a ao menos 500 procedimentos bariátricos realizados. Ele salientou que estudos apontam que o risco acumulado ao longo da vida é maior do que se submeter a cirurgia, e que portanto, o procedimento ainda é o melhor caminho para combater a obesidade e as comorbidades que ela pode acarretar na vida do paciente.
Segundo a chefe da 12ª Regional de Saúde, Viviane Herrera, atualmente Umuarama conta com ao menos 20 pacientes que estão em fase de liberação junto ao órgão para a realização do procedimento. “É um processo longo e rigoroso para garantir que o paciente está pronto”, informou.