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27/11/2021

Você já psicossomatizou hoje?

26/11/2021 18H56

Jornal Ilustrado - Você já psicossomatizou hoje?

Pensem comigo: somos organismos vivos, submetidos a alterações constantes, filogenéticas, ontológicas e culturais. Estas esferas não se dissociam, assim como é sabido e respaldado cientificamente que mente e corpo não constituem duas entidades separadas, mas sim apenas um ser em totalidade e em constante ligação e influência. Psicossomatizar é um termo muito utilizado nos entremeios das Psicologias, pois se refere a sintomas físicos que surgem com ligação direta ou indireta de situações emocionais que o sujeito vive ou convive. Por exemplo, você já sentiu que, diante de uma situação muito embaraçosa, suas bochechas coram, seu coração dispara, começa a suar e até mesmo tremer? Ou quando você recebe uma notícia ruim no meio de uma refeição e, de repente, sua fome passa e você perde o apetite. A neurociência nos mostra que os pensamentos e os sentimentos estão relacionados com percepções e processamentos cerebrais, como uma crise de ansiedade que, por si, não apresenta risco de vida, mas pode ser cerebralmente processada da mesma forma que uma ameaça real. Assim como quando nos sentimos seguros, a química do nosso corpo se modifica. Ao invés de sintetizarmos adrenalina, cortisol, histamina e citocinas inflamatórias, produzimos hormônios como a dopamina, serotonina e GABA, que são anti-inflamatórios e benéficos à saúde mental. Demandas psicológicas muito comuns como o estresse e a ansiedade são amplamente analisadas sob a ótica da psicossomática, pois ambos apresentam um rol de sintomas no espectro físico que afetam também os sistemas imunológico e hormonal. Os sintomas possuem uma linguagem peculiar que podem te auxiliar a identificar, conhecer e influenciar seus recursos e seu estado emocional e físico. Podemos enxergá-los como manifestações de um alerta, de que algo precisa ser levado em consideração. Nosso organismo orquestra aspectos físicos e psicológicos em sincronia com aspectos socioambientais continuamente, buscando equilíbrio. A dor, a inflamação, a fadiga, a desordem, de uma forma geral, funcionam através de estímulos enviados pelos nervos ao cérebro, comunicando-se conosco através do córtex motor para gerar uma reação de alerta. Os sintomas tem sentido, reconhecer sua mensagem e ter disposição para aprender com eles é o primeiro e primordial passo.