Eliseu Auth
Eliseu Auth
Ninguém esquece o 25 de dezembro em que Cristo nasceu. Nem o próprio aniversário. Nem o 7 de setembro. São datas especiais. “Mutatis mutandis”, no seu jeito próprio, há um significado especial nelas. Já o oito de janeiro de 2023, dia em que arruaceiros se enrolaram na bandeira nacional, alguns levando bíblia, quebraram os prédios dos Três Poderes da República, não pode ser esquecido. Foi dia de ódio à ordem e à Democracia. Um deboche a Deus e aos homens, uma safadeza que só não tem repúdio de quem não é normal.
Não tem meia palavra para o vandalismo do oito de janeiro. Nos Estados Unidos também não há para a invasão do Capitólio. Foram ataques claros à civilização e à democracia que se fundamenta na lei e na ordem. Não se engane o ilustrado leitor. É coisa pensada. Lá e cá, o extremismo se apresenta em nome da liberdade, mas não quer limites. Usa religiões, pregadores e até o nome de Deus para enganar os desavisados. Lembrem que Hitler, inspirador dessa gente, colocava Deus abaixo da Pátria que se confundia com ele mesmo. “Deutschland über alles” era o bordão. Aqui não tinha o “Pátria acima de tudo e Deus acima de todos”? É mesmo? Igualzinho Hitler? Então a serpente veio enganar de novo. No Jardim do Éden pegou Adão e Eva. Aqui, enganou os “patriotas” para quebrar tudo em nome de Deus e da “liberdade”.
Direita e esquerda podem conviver e se respeitar. Apenas são visões de Estado mais ou menos intervencionistas na economia e nas políticas públicas. Mas, são sempre Estado que segue lei e não a vontade do ditador. Não é compatível com o pacto civilizatório a ausência da lei, da ordem e do respeito às pessoas. Isso só é garantido pelo regime democrático. Sem a Democracia não há como fazer pacto. O extremismo sempre é hipócrita. Aparenta uma coisa e é outra. Diz proteger o cidadão e o escraviza nas mãos do mais forte.
Nunca esqueçamos o oito de janeiro. Autores, mentores e financiadores da arruaça anti-democrática, fardados ou não, paguem pelo malfeito. Pacificar o país não significa perdoá-los como querem alguns. Atentarão de novo. Para que nunca mais se ataque a Democracia, é um dia para não esquecer.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).