15/01/2022
Você conhece a Campanha Janeiro Branco? Neste mês, os profissionais de saúde alertam a comunidade sobre a importância dos cuidados com a saúde mental e a prevenção do adoecimento emocional. Há não muitas décadas atrás, os cuidados com a saúde eram predominantemente voltados para os aspectos biológicos, negligenciando aspectos emocionais e o sofrimento psíquico. Felizmente, saúde mental virou pauta e esta campanha tem como função sensibilizar a população, democratizar o acesso à saúde mental e, não menos importante, levar a reflexões críticas sobre a relação entre o indivíduo e o que se diz ser saúde mental. Nesta coluna gostaria de destacar que ter acesso à saúde mental (tão almejada) não diz respeito apenas ao privilégio de realizar psicoterapia. O conceito de saúde mental envolve múltiplas perspectivas, não apenas ligadas ao mundo interno de cada um, mas também ao ambiente em que este se localiza e como este meio é organizado. Portanto, quando falamos em saúde mental, estamos também considerando todas as dimensões da vida em sociedade: condições de saúde, de educação, de moradia, lazer, relações com o trabalho e ocupacionais, relações familiares e afetivas, direitos e deveres, cidadania, dignidade, inserção social, dentre tantos outros fatores que compreendem aquilo que chamamos de biopsicossocial. Quando falamos de saúde mental, também falamos da subjetividade, da particularidade de cada vivência, de cada contexto, das suas necessidades e demandas. Falamos então de seres humanos, em sua integralidade e universalidade, compreendendo todas as vidas. Gostaria de propor que pensássemos a saúde mental de forma ampliada e não apenas voltada aos hábitos individuais, mas numa lógica social, comunitária, global, de todos e para todos. Só assim é possível agenciar a prevenção e a promoção de saúde, através do comprometimento com as vidas. Ainda travamos uma luta gigantesca contra a estigmatização e a banalização do sofrimento emocional, ainda buscamos o acesso universalizado e equalizado através de uma rede de atenção psicossocial desvalorizada, ainda possuímos profissionais voltados para a perspectiva individual e responsabilizando apenas o sujeito. Há muito que debater, pensar e agir. Que esta campanha nos ensine a ser pró vida em todos os meses do ano e não apenas em janeiro.