DATA COMEMORATIVA
No Dia do Professor, festejado nesta quinta-feira (15), os profissionais da educação comemoram a data relembrando as vitórias da classe e também as novas habilidades obtidas durante a pandemia coronavírus. Entretanto, a celebração não existirá, pois o professor está longe dos seus alunos fisicamente, além dos problemas enfrentados em relação ao reconhecimento perante a sociedade.
O jornal Umuarama Ilustrado entrevistou professores da rede de ensino estadual, federal e particular e todos foram enfáticos em relacionar os desafios de ensinar em meio à pandemia e a sobrecarga de trabalho no sentido de transpor os conteúdos presenciais para o formato digital. De outro lado, os professores ressaltaram o ganho de novas habilidades na forma de ensinar, que ficarão para sempre.
“Não é só fazer a mesma coisa que fazíamos no presencial, são duas coisas diferentes. Isso faz com que o professor esteja cansado, sobrecarregado, fazendo mais do que sua função. O professor precisou se reinventar e coloco isso como um desafio, como também, algo que se ganha, pois muito professores conseguiram romper a barreira da tecnologia”, disse a pedagoga e professora dos cursos de Marketing e Pedagogia Laís Bueno.
Fabiana Vieira leciona há 15 anos na educação pública e segundo a professora, este ano foi um grande desafio, principalmente no sentido de fazer os alunos produzirem. “Acredito que o EAD se tornou real. O desafio neste momento é fazer com que todos os personagens da educação compreendam a necessidade de envolvimento no processo. Adaptação é a palavra-chave”, disse.
Para a professora, o sistema atual ainda precisa ser aprimorado, pois EAD tem algumas características atípicas, uma vez que não é o professor da turma que diariamente apresenta os conteúdos para seus alunos.
“São professores que gravam videoaulas que são transmitidas via YouTube, canal de TV aberto ou app do Paraná Escola. Nosso relacionamento com os alunos se resume as Meets – que são realizadas no horário da aula e que pouquíssimos alunos participam, pois não são atreladas a frequência, então quem vem ouvir o seu professor falar se não tem a obrigatoriedade para o aluno? O sistema tenta atrelar obrigatoriedade ao professor, não ao aluno. Eu faço meets com alegria, pois é o que me aproxima do meu aluno. Mas onde ele está?”, ressaltou.
Dentro de um sistema diferente do ensino estadual, o professor de sociologia do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – unidade de Umuarama, Rafael Egídio, também ressaltou a sobrecarga de trabalho que o professor acumulou com a pandemia e lembrou que tudo isso foi importante, pois muitos pais estão entendendo a importância dos professores na formação dos filhos.
“O professor sempre é o salvador da pátria, mas também o bandido da história. Hoje ao mesmo tempo em que temos que gravar aula, precisamos fazer meets, subir aula no youtube, atender os grupos, ter uma boa internet, computador muito bom, conta de luz aumenta. Mas vemos algumas pessoas ainda falando que não estamos fazendo nada e que o trabalho poderia ser melhor”, desabafou Egídio.
Ainda dentro da educação pública o professor de História e presidente da APP/Sindicato, Claudemir Miiller, lembrou que 2020 foi um ano de incertezas e no início foi complicado, pois ninguém sabia os rumos a serem tomados e de repente começaram a chegar vários instrumentos para o professor acessar que dispersaram as pessoas, em vez de agregar.
“Além disso, existe a realidade dos alunos que não têm acesso à tecnologia. O professor nunca se nega em ensinar, mas para isso é preciso organização e não perseguição. Muitos amigos estão buscando ajuda para superar os obstáculos da tecnologia e isso é uma evolução pedagógica que será utilizada para sempre”, falou.
Além de atuar em curso superior, Laís também dá aulas para o ensino médio da rede privada e para ela a pandemia e o digital vieram para mostrar que o professor é extremamente necessário.
“Neste dia dos professores quero parabenizar e homenagear este profissional, pois é a profissão que forma todas as outras profissões. Professor sempre será necessário, pois é sempre um mestre, um curador de conteúdo, um especialista na área e desta forma o protagonista da educação”, celebrou.
A professora ainda ressaltou que o novo momento da educação foi um aprendizado e muitos professores conseguiram romper as barreiras da tecnologia e quando a educação voltar para sala de aula esse conhecimento permanecerá. “Tudo isso vai facilitar o intercambio do conhecimento”, falou.
Lecionando há 30 anos, professor Miiller já formou vários umuaramenses e para ele não existe o que se festejar na data de hoje. “Não temos quase nada para comemorar, o que vemos é um monte de pendências perante o reconhecimento do professor”, noticiou.
Dentro da visão da sociologia, que é o estudo da sociedade, padrões e relações sociais, o professore Rafael Egídio finaliza dizendo: “A comemorar temos que relembrar juntos a coletividade, como as lutas do nosso peso histórico e que sem a educação o futuro do País só tem a piorar, pois o professor é essencial em qualquer projeto de desenvolvimento nacional. Porém, não temos nada para celebrar”, alertou.