Meio Ambiente
Um dos poucos locais de lazer gratuito para a população de Umuarama, o Lago Aratimbó, sofre com a poluição de esgoto, águas pluviais, dos visitantes e o assoreamento. Desde o último fim de semana, os peixes do lago dão mais um alerta para a agonizante situação do cartão-postal da cidade.
Desde sábado (21), leitores do jornal Umuarama Ilustrado estão encaminhando fotos e vídeos dos peixes do lago em situação estranha. Conforme relato dos umuaramenses, os animais estão aglomerados e parecem que estão sufocando. Além disso, o mal cheiro do local também vem chamando atenção dos frequentadores.
Para tentar dar uma resposta à população, a reportagem conversou com a professora do Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Umuarama, Renata Rubia Ota, que é bióloga e especialista em zoologia. “Sem um estudo da água, fica difícil ser preciso. Mas, naturalmente este não é o comportamento natural das tilápias. Nem para se alimentar e nem para se reproduzir. O que posso observar é que pela situação da água e do ambiente do lago pode ser falta de oxigênio”, disse.
A especialista ainda ressaltou que o grande acúmulo de matéria orgânica e demais resíduos promovem a proliferação de microrganismos, os quais consomem o oxigênio da água. “É possível sentir o cheiro forte vindo do lago. Nesta situação, ainda é possível o surgimento de cianobacterias, que vão intoxicar os animais, mas não vimos peixes mortos”, argumentou.
O Lago Aratimbó foi construído com tubulações que jogam as águas da chuva no seu leito. A situação despeja resto de óleo e demais toxinas oriundas dos veículos armazenadas nas ruas e avenidas. O local também conta com resíduos de esgoto e a poluição causada pelos visitantes.
O problema é que muitas pessoas passam horas pescando no local e possivelmente consumindo esse peixe. “O consumo desse peixe pode ser prejudicial para saúde. Caso haja a contaminação dos músculos dos peixes por metais pesados, o ser humano que ingerir tal animal também será contaminado. Não necessariamente a pessoa vai se contaminar de imediato, porém, com a regularidade da ingestão da carne haverá um acúmulo das toxinas no organismo, levando ao prejuízo da saúde”, finalizou.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente ressaltou que está acompanhando o surgimento de peixes mortos no Lago Aratimbó. Após vistoria no local e análise preliminar, o diretor de Meio Ambiente, Matheus Michelan Batista, afirmou que a mortandade registrada no final de semana não representa grande ameaçada para a fauna aquática do lago. “Infelizmente, um curso d’água que recebe galerias pluviais e recebe a água das chuvas de grande parte da cidade está sujeito a essas ocorrências”, disse.
Ele explica que quando há chuva de volume considerável após períodos de longa estiagem, toda sujeira, óleo, resíduos de produtos de limpeza e outros poluentes acumulados na malha asfáltica acabam levados para o lago e provocam um desequilíbrio biológico e químico. “Alguns peixes não resistem a essa mudança, mas a situação é temporária e nesta segunda-feira a qualidade da água do lago já estava se normalizando naturalmente, cessando a mortandade”, explicou.
A Prefeitura licitou horas/máquina de escavadeira hidráulica e caminhões para o desassoreamento do lago. Porém a administração municipal estuda um projeto de desvio das galerias pluviais que deságuam no local, e que ainda depende de recursos para ser implementado. O objetivo é realizar essas ações em conjunto, para que a limpeza seja mais efetiva e duradoura.