21/02/2021
Luís Irajá Nogueira de Sá Júnior
Adam Smith (1723 – 1790), foi um filósofo, escritor e economista britânico nascido na Escócia. Cresceu e se desenvolveu no século XVII, considerado o Século das Luzes. É o pai da economia moderna, e, é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. É dele a frase: “Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse”.
Dados do Relatório de Riscos Globais de 2021 do Fórum Econômico Mundial aponta que os nossos jovens estão cada vez mais desiludidos, e, isto é um risco para nosso futuro como planeta. No Relatório, a desilusão dos jovens aparece como a principal ameaça global negligenciada e cujos reflexos sentiremos nos próximos dois anos. Uma geração assustada diante do desemprego crescente, dos cenários ambiental, econômico e político instáveis, principalmente no Brasil. A grande preocupação mundial é: como oferecer otimismo e confiança aos jovens diante da desigualdade de oportunidades escancarada pela covid-19?
No mundo, 13,6% dos jovens estão sem emprego. No Brasil, são 36%. Todavia, o desemprego é uma das causas da desilusão. Paralelo a isso, os jovens sofrem os efeitos da crise econômica global, o agravamento das condições climáticas, sociais, de educação e da desigualdade, tanto de gênero quanto intergeracional e econômica. Desde 2008 (primeira crise global deste século), as políticas fiscais aumentaram essas diferenças, promovendo prosperidade de forma desequilibrada. Infelizmente, o Relatório aponta o mesmo fenômeno neste início de 2021, com os muito ricos concentrando ainda mais suas riquezas.
Milhões de jovens por todo o planeta, sem acesso a internet, ficaram fora da sala de aula em 2020, e, é bem provável que fiquem também neste ano de 2021. As perspectivas não são boas para o retorno das aulas presenciais, sobretudo nas escolas públicas. No Brasil, o número de excluídos digitais é imensamente maior. Esse fato, por si só, agrava as desigualdades e aprofunda a lacuna tecnológica. O que acontecerá com essa geração se não receber a atenção necessária agora? Certamente ocuparão lugares cada mais longe do topo da pirâmide social. É preciso agir com rapidez e eficiência para mitigar o problema.
Precisamos do ímpeto e da ousadia juvenil para evoluir. Como apresentar um novo cenário ao jovem? Como engajar o jovem para construir o futuro? O Relatório do Fórum Econômico nos diz que durante a pandemia, 80% dos jovens no mundo declararam que houve uma deterioração da saúde mental. Com sentimentos misturados de raiva, frustração, medo e apatia. Precisam de ajuda psicológica. Outro caminho, mencionado no Relatório, é oferecer instrumentos, pela educação e pelo treinamento, para que se reconectem com seu potencial. Dessa forma, ocorrerá a evolução pessoal e da empregabilidade.
É preciso investir em habilidades para atuar diante do mundo em transformação. Os jovens estão chegando ao mercado num momento de obsolescência tecnológica, acelerada pela pandemia. Enxergar essa curva é o primeiro passo para rever a forma de absorção dos jovens e direcionar seu treinamento e crescimento profissionais dentro dessas novas realidades, a partir do “escaneamento do horizonte”. Ou seja, mapear seriamente onde haverá maior demanda de mão de obra no futuro e formar pessoas para atuar no novo, já construído a partir do presente, aponta o Relatório.
Adam Smith “acreditava que o grande segredo da educação consistia em orientar a vaidade para os objetivos certos”. Creio que, em meio à crise global, para dar ânimo, confiança e esperança aos jovens, o governo tenha que investir na formação profissionalizante, incentivar a contratação e o treinamento, bem como liderar as mudanças para que ocorram de forma estruturada, oferecendo opções de qualificação conectadas com as novas dimensões do futuro, cada vez mais digitais, verdes e humanas. Eis o desafio!
Luís Irajá Nogueira de Sá Júnior
Advogado no Paraná – Palestrante
Professor do Curso de Direito da UNIPAR