Dr. Eliseu Auth

Eliseu Auth

Nem o Estado máximo. Nem o mínimo!

11/05/2021 11H01

Jornal Ilustrado - Nem o Estado máximo. Nem o mínimo!

“Temos de provar que a democracia ainda funciona. Que nosso governo funciona e pode ajudar as pessoas”. Assim, lá no norte, Biden começou o anúncio de seu programa de recuperação econômica dos Estados Unidos, ao completar 100 dias de governo. Sem tirar os olhos da covid, vai botar dinheiro público para socorrer desempregados e pobreza, investir na infra-estrutura, nas creches, escolas e na tecnologia, aumentando o tamanho do Estado para ser indutor do desenvolvimento e garantidor do bem estar das pessoas. Apontou luzes para problemas da humanidade como o clima e a harmonia dos povos.

O gesto tem visão social. Uma guinada à esquerda, sem deixar de ser numa democracia que se fortalece depois dos arroubos autoritários de Trump. Inspirou-se no grande Presidente Franklin Delano Roosevelt que governou os EUA depois da grande depressão de 1929. Assumiu um país quebrando com empresas falindo e um desemprego assustador. Aí fez o pacto chamado “New Deal” (Novo acordo), socorrendo desempregados e empresas e o campo. O bordão era “Em cada propriedade um poste de luz e em cada panela um frango”. Para os extremistas da direita, isso não agrada. Deliram e fantasiam que é comunismo. Uma bobagem que inventam para assustar os desavisados.

Não sou economista, mas como Descartes, penso. Quem olha a história, analisa idéias e práticas de governos, se depara com três idéias centrais de economia: Adam Smith, Karl Marx e John Maynard Keynes. No Estado mínimo de Smith, quem pode mais, chora menos. No “Estado máximo” de Marx, uma ditadura se faz dona dos meios de produção, abolindo o direito à propriedade privada. Entre esses dois extremos está o “Estado suficiente” de Keynes. Este garante a liberdade, mas intervém quando necessário, para garantir o equilíbrio social. O Estado mínimo até pode conviver com a democracia, mas peca por não frear apetites dos mais ricos e não socorrer os mais desvalidos. Já o Estado suficiente garante o equilíbrio social, respeitando a liberdade e a democracia. Nem o Estado máximo, nem o mínimo!

Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado