Luís Irajá Nogueira de Sá Júnior
John Davison Rockefeller (1839-1937), filantropo, contador, inventor e empresário norte-americano. Desde criança, sempre levou uma vida bem comportada, séria e estudiosa. Com dezesseis anos, conseguiu seu primeiro emprego como assistente de escritório. Seus contemporâneos o descreveram como reservado, sério, religioso, metódico e discreto. Era excelente debatedor e se expressava precisamente. Era profundo amante da música. Logo de início mostrou excelente aptidão para os números e para a contabilidade. Com vinte anos adquiriu sua primeira empresa, e, tornou-se rapidamente um homem de negócios. Com trinta e um anos fundou uma companhia de petróleo, a princípio, comercializando querozene (para iluminação pública) e, mais tarde, gasolina (para abastecer os automóveis). É considerado o homem mais rico da história. Sua fortuna foi usada para criar um moderno e sistemático estilo de filantropia, com fundações que tiveram grande efeito na medicina, educação e pesquisas científicas. Fundou a Universidade de Chicago e a Universidade Rockefeller. Chegou a ter mais de cem mil funcionários. Sempre fez dos obstáculos uma oportunidade de crescimento. É sua a frase: “Eu acredito na dignidade do trabalho, seja com a cabeça ou a mão; que o mundo não deve a ninguém viver, mas que deve a todo homem uma oportunidade de ganhar a vida”.
O homem moderno já vinha num processo de “vazio existêncial”, ou seja, só se preocupava com dinheiro e prazer (ter, acumular, juntar, romper o casamento uma ou várias vezes, honrarias e postos importantes), provocando desalento e ceticismo diante da sociedade em que circula. Sociedade que ele próprio foi forjado (abandono dos verdadeiros valores humanos e espirituais). Em suma, antes da pandemia, o homem já estava com a alma e o espírito doentes.
O desemprego já era a grande preocupação mundial, tendo em vista a mudança de hábitos de consumo que passou da presença física do consumidor em lojas de departamento para o consumo on-line. O Brasil estava apenas experimentando o início dessas mudanças. Todavia, com a pandemia e o isolamento social, esse processo de compras on-line foi acelerado, sendo certo que, veio para ficar, e, muitas vagas de emprego deixarão de existir.
No agronegócio e na indústria, a fim de reduzir custos, a tecnologia está sendo implantada a passos largos. Robôs estão tirando o emprego do homem na indústria e implementos agrícolas com alta tecnologia estão tirando o emprego do homem no campo (máquinas são operadas por drones). Há fortes indícios de que os mercados precisarão de um número cada vez menor de trabalhadores nas produções, especialmente de bens e de alguns serviços. Haverá uma demanda grande por pessoas altamente qualificadas. Infelizmente, o Brasil possui uma deficiência muito grande em termos de capital humano, fruto de anos e anos de política de descaso com a educação. Nesse contexto, o aumento da desigualdade social será inevitável.
Esse processo de descarte do ser humano já estava em curso no Brasil, e, tende a se agravar, pois haverá a necessidade de aportes financeiros próximos de 90% do PIB para cobrir despesas com o combate à pandemia (está previsto aumento significativo na dívida interna). Por conseguinte, não sobrará dinheiro para socorrer as famílias e as pessoas excluídas.
A previsão é a de que o homem moderno que já vinha triste e fragilizado emocionalmente (hoje, face ao isolamento, a situação é agravada por altos índices de divórcio e violência doméstica), pós-pandemia, vai acordar desempregado e excluído socialmente. Vulnerável, tende a cair em desespero (como muitos outros já excluídos), e, num primeiro momento, se tornará ansioso (quer a todo custo antecipar o futuro que idealiza ser melhor). Não conseguindo seu intento, tende a cair em depressão (tenta desesperadamente mudar o seu passado – os erros cometidos -, mas também não consegue). Desprotegidos espiritualmente, muitos acabarão em surto e serão acometidos pela síndrome do pânico, provocando a perda significativa da qualidade de vida. Por fim, sem qualquer perspectiva, será tentado ao suicídio (já há relatos, nesse perído de isolamento, de altos índices de suicídio). Triste previsão.
Porém, a ordem é: não se deixe abater. Rockefeller acreditava no valor supremo do indivíduo e em seu direito à vida, à liberdade e a busca da felicidade. Acreditava, também, que a verdade e a justiça são fundamentais para uma ordem social duradoura.
Frente a essa realidade inexorável, ensina Rojas que somente um homem com formação moral sólida, aberta e pluralista, conseguirá superar todas essas mudanças que estão acontecendo, inesperadamente, na vida das pessoas. Isto é, ser um homem mais digno, que quer ser mais culto para ser mais livre, fazer um mundo mais cordial e compreensivo. Criar um espaço afetivo onde caiba o material, o espiritual e o cultural. Tudo feito de acordo com critérios universais como a verdade, a beleza e a bondade. Portanto, dê o seu melhor em tudo que fizer e, lembre-se, a determinação é o segredo para mudarmos nossas vidas.
Luís Irajá Nogueira de Sá Júnior
Advogado no Paraná – Palestrante
Professor do Curso de Direito da UNIPAR