UMUARAMA
Sempre estudando em escola pública, Maria Eduarda Cavessa dos Santos, de 18 anos, conquistou nota 900 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), algo que para muitos é considerado impossível. A moradora do Jardim Cruzeiro, bairro de Umuarama, agora luta para ingressar no curso de Medicina.
As dificuldades da vida nunca foram empecilhos para a jovem umuaramense, que trabalha desde os 14 anos. Mesmo com todas as adversidades e desmotivações culturais, Maria Eduarda sabia que a educação seria a porta para mudar seu futuro e apostou nisso. No meio deste caminho, ela teve apoio do Colégio Estadual Professora Neiva Pavan Machado Garcia.
“Eu gostava de ir para o colégio e desde pequena queria ser médica. Acho que por situações que vivi na minha família, sempre tive vontade de cuidar, de estar presente e poder fazer alguma coisa para o próximo”, contou.
Na vida escolar Maria Eduarda conta que foi na 6ª série que realmente começou a dedicação para com os estudos. “Meu o objetivo era sempre tirar média 85 pontos para cima. Chegava em casa e estudava, não tinha tempo de estudar o dia todo, pois eu trabalho desde os quatorze anos”, relembrou.
Mesmo com uma rotina pesada, Maria Eduarda contou que o lazer também é essencial no estudo e por isso reservava os sábados à noite e domingo para relaxar. “O cérebro precisa de descanso, até para aprender. Só estudar e estudar pode atrapalhar. Então tentava conciliar, quando dava. Por isso é importante a organização de tempo, precisava programar o dia e as horas, além disso, cumprir as minhas metas era satisfatório”, explicou.
Outra dica da estudante é sempre tirar dúvidas com os professores. “Estudava sozinha em casa, mas conseguia desenvolver no estudo junto com os professores. O professor vai explicar da maneira mais fácil para você aprender. A professora Luciana Herreira e o Suemar Frota ajudaram muito”, ressaltou.
Dentro do tema redação, a entrevistada disse que a gramática conta muito, mas conhecer a estrutura do texto é importante. “Conhecer a estrutura do texto e o aluno ter conhecimento do que se aprende na escola são importantes. Por exemplo, quando for argumentar não adianta apelar para uma vivência do dia a dia, é preciso ter um conteúdo embasado”, falou.
Desde ano passado Maria Eduarda vem conciliando família, namoro, trabalho e vestibulares para o curso de medicina, que agora aguarda as notas dos concursos prestados. “Não sei como vou me manter, pois medicina é integral. Mas ‘por mais que falem que você não vai conseguir, não deixe que isso abale você. Saiba do que é capaz e seu potencial’. Estou esperando sair as notas para ver como será meu futuro. Até lá estou cursando Biomedicina na Unipar para não ficar parada, mas não vou tirar meu foco da Medicina”, lembrou.
Maria Eduarda agora é um exemplo para toda comunidade de alunos das escolas públicas de Umuarama e região. Conforme o diretor da escola Neiva Pavan Machado Garcia, Altair de Souza Carneiro, o trabalho dos professores unidos em um projeto de formar profissionais é o ponto de partida para a transformação. “Uma luta que sempre tive foi buscar bons profissionais e acredito que isso vem fazendo a diferença. Além disso, integrar a comunidade com a escola é essencial. Quando os pais começaram a participar da comunidade escolar isso mudou o ambiente até do bairro” esclareceu.
O diretor acredita que a educação é transformadora. “Temos uma realidade de jovens e adolescentes que vivem em uma cultura de que eles não podem. Por isso mostramos que eles podem sim, com muito esforço, mas podem. Eles podem ser protagonistas de seu conhecimento”, afirmou o diretor.
Em Umuarama além da Maria Eduarda, a aluna do Colégio Estadual Pedro II, Ariane de Oliveira Melo, também tirou nota 900 na redação do ENEM, como também, alunos tiraram nota entre 800 a 890.
