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Coincidências?

16/03/2020 20H45

Eliseu Auth

Desde quando o Ilídio me abriu o “Umuarama Ilustrado” para escrever, tenho a preocupação dizer o que penso de forma agradável. Não sou dono da verdade que ninguém é, mas tenho lado. Alguém pode não concordar, só que sempre vai me encontrar no combate ao arbítrio e à corrupção sob todas as formas. Vivi e senti tempos de ditadura que me encheram de aversão a qualquer tirania, seja da esquerda comunista ou da direita nazista. O único império que aceito é o da lei que respeita e protege o cidadão.

Estou lendo sobre Josef Mengele, o “anjo da morte” de Auschwitz. A cada nova linha, mais me sobe o sangue alemão que corre em minhas veias. E, saber que lá na terra de meus antepassados se passou a mais infamante e cruel das histórias de um ditador como Hitler. Esse sujeito usava o bordão “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo), para enganar, fanatizar e iludir grande parte dos alemães. Não era a Alemanha que ele queria grande, mas sua gana de poder ilimitado como foi. Guiado por idéias racistas, fez do Terceiro Reich um estado policial, onde os indivíduos eram menos que nada. Anulou o poder legislativo a ponto de fazer as leis, controlou a cultura, a economia e fez do Direito um instrumento de repressão contra as minorias étnicas e a oposição. E do judiciário, fez um curral de apôio ao nazismo.

Ditadores não gostam do poder judiciário e nem do Legislativo. Hitler mentia à sua claque hipnotizada que defendia “Ordem, Direito e Liberdade”. E os incautos batiam palmas ao seu Führer e mito que criou a “Waffen-SS” com apoiadores armados como força de elite. Uns cinqüenta deles tomaram uma rádio e espalharam a notícia falsa de que a Polônia estava para invadir a Alemanha, tudo de caso pensado. Aí, em 01.09.1939, Hitler invadiu a Polônia e iniciou a segunda guerra mundial. E foi o que foi.

Será coincidência o ódio que alguns fanáticos disseminam por aqui contra o Judiciário e o Congresso Nacional? Aqui também foi usado o bordão “A Pátria acima de tudo e Deus acima de todos” e um ex-ministro da cultura, em cerimônia oficial ao lado e sob os afagos do presidente, enalteceu lições de Goebbels, marqueteiro de Hitler. Coincidências?

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).