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Diante da iminente publicação da Medida Provisória que irá regularizar os jogos e apostas esportivas no Brasil, intensificou-se o debate sobre a porcentagem que os clubes, legisladores, empresas e casas de apostas receberão dos futuros prêmios.
A discussão se intensificou ainda mais quando foram divulgados os valores que os clubes teriam direito com base em seus acordos com as casas de apostas.
Um artigo publicado esta semana no portal UOL, na coluna Olhar Olímpico, aborda essa questão e traz a análise do jornalista Demétrio Vecchioli.
Segundo os cálculos feitos pelos clubes de futebol e pelas casas de apostas, cada uma das principais equipes do país receberia em média R$ 2 milhões por ano em troca da utilização de suas marcas para a regulamentação das apostas esportivas. A discussão atualmente gira em torno de saber se essa negociação é vantajosa.
Uma lei de 2018, modificada em 2021, já prevê uma taxa de 1,63% do GGR (Gross Gambling Revenue) como compensação às entidades desportivas brasileiras que cederem os direitos de uso de suas denominações, marcas, emblemas, entre outros.
Com base nessas estimativas, o repasse para todas as modalidades seria de aproximadamente R$ 100 milhões. Os clubes estimam que o futebol representa cerca de 80% das apostas esportivas, com uma parcela envolvendo clubes estrangeiros.
A expectativa é que entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões sejam distribuídos exclusivamente para os clubes da Série A, sendo que os clubes com maior torcida e repercussão receberiam mais, já que são alvo de um maior número de apostas. Dificilmente um único clube teria direito a mais de R$ 5 milhões por ano.
Diante disso, os clubes se veem com duas opções: 1) aceitar receber em média R$ 2 milhões por ano em troca da utilização de suas imagens; ou 2) autorizar o uso de suas marcas, abrir mão do repasse do governo, mas manter o controle sobre uma propriedade que poderia valer mais em negociações diretas com as casas de apostas.
Atualmente, segundo informações apuradas com representantes da Justgamblers Brasil, a tendência é que diversos clubes optem pela segunda opção.
Uma comparação é feita com as Loterias da Caixa, que movimentam apenas um quarto do valor pelas apostas esportivas, mas repassaram R$ 1,6 bilhão ao esporte. Somente os clubes de futebol receberam R$ 79 milhões no ano passado, valor superior ao que eles provavelmente receberão com as apostas esportivas.
Esse debate sobre a distribuição dos recursos provenientes das apostas esportivas reflete a importância de se encontrar um equilíbrio justo entre os diferentes setores envolvidos, considerando os interesses dos clubes, a necessidade de financiamento para o esporte e a busca por uma indústria de apostas transparente e regulamentada.
Também é válido salientar que este acordo diz respeito apenas aos clubes de futebol, no entanto, ainda há diversos outros acertos que devem ser realizados com outros esportes e seus devidos representantes, fomentando diversas modalidades e gerando receita para desportos que não contam com grandes apoios.