AMEAÇA DE GREVE
O atendimento na Tenda da Covid19 deve continuar sendo prestado normalmente, segundo garantiu em nota a Prefeitura de Umuarama. Na tarde desta sexta-feira (14), servidores informaram que o serviço chegou a ser parcialmente suspenso pela equipe técnica. O local atendeu em média 140 pessoas por dia esta semana.
Somente casos considerados graves, com saturação de oxigênio abaixo de 92, foram atendidos. Os demais, após passar por avaliação da equipe de enfermagem, eram orientados a voltar para casa, sem o atendimento.
Foi o que ocorreu com a dona de casa Neusa de Oliveira, de 75 anos. Ela e a mãe, de 102 anos, positivaram durante a manhã para a covid19 e ela foi até a Tenda em busca de atendimento e orientação.
“Estou apenas com uma dor na garganta, boca seca. No mais estou bem. A minha mãe também está com a covid, mas está bem, graças a Deus”, contou. Ela estava há quase 3 horas aguardando uma receita médica para ir embora. O marido de Neusa Oliveira está internado desde segunda-feira (10) no PA a espera de uma vaga em leito covid.
Segundo a Regional de Saúde, pelo menos 17 pessoas de Umuarama aguardavam uma vaga de leito hospitalar nesta sexta-feira.
A situação delicada em um momento que a cidade volta a registrar aumentos de casos confirmados, ocorre por um conjunto de fatores. Mais duas mortes e 47 novos casos foram contabilizados somente ontem.
Entre eles dois se destacam. O primeiro seria o atraso no recebimento do salário de abril, que até o momento não foi pago conforme relataram servidores. Toda a equipe, desde a auxiliar de serviços gerais até os médicos são empregados por uma empresa terceirizada, contratada pela Prefeitura de Umuarama, para prestar o atendimento na Tenda da Covid. Cada equipe de 11 trabalhadores cumpre turnos de 12 por 36 horas.
O problema é que a diretora da empresa contratante está entre os sete presos preventivamente na semana passada pela Justiça no âmbito da Operação Metástase, deflagrada pelo Gepatria e Gaeco na cidade, que investiga o desvio de R$ 19 milhões da saúde.
Os funcionários com quem o Ilustrado conversou não souberam informar o local da sede administrativa da empresa. Disseram desconhecer e que todo o processo de contratação era feito diretamente pela diretora presa, o que impossibilitou ouvir a justificativa da empresa.
Nesta tarde houve uma reunião entre procuradores do Município, representante do Sindicato dos Trabalhadores na área da Saúde e coordenadores dos funcionários para buscar uma solução para o impasse.
Em nota emitida no início da noite, a PMU informou que: “O município de Umuarama e o sindicato dos trabalhadores na área de saúde, junto com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado do Paraná, estão tomando todas as providências, que estão legalmente ao seu alcance, para que os funcionários da empresa terceirizada na área de saúde, cuja administradora encontra-se detida, possam receber os salários a que fazem jus em razão do último mês de trabalho.
Município e sindicato estiveram reunidos na quinta-feira (13) com o MP/PR e o MPT, e nesta sexta com os trabalhadores. Apesar do atraso no pagamento por parte da empresa privada, terceirizada, a Prefeitura comunica à população que os serviços continuarão sendo prestados normalmente nas unidades de saúde do município”, consta na nota.
O segundo problema enfrentado pelos trabalhadores é a limitação da estrutura para o atendimento aos doentes. O local foi criado para funcionar como ambulatório, mas na prática virou uma unidade de internamento.
Na tarde desta sexta-feira (14) contava com 10 pessoas internadas, todas fazendo uso de oxigênio e soro. “Temos paciente que está aqui há quatro dias aguardando uma vaga da Central de Leitos”, salientou uma enfermeira que pediu para não ser identificada.
Os trabalhadores explicaram ainda que não dispõem de materiais como máscaras de alto fluxo, cobertores para os pacientes e dieta (alimentação), que está sendo fornecida pela equipe do Pronto Atendimento 24 horas, que fica em frente, para garantir um atendimento de qualidade aos internados. O local foi concebido para atender até 5 pacientes, mas no momento a lotação está dobrada, sendo dois mantidos em macas, dois em camas e seis em cadeiras.