Arquivo

A vida pós-formatura: desafios dos jovens no mercado de trabalho

07/03/2020 13H34

Helton Kramer Lustoza

A maioria dos jovens estudantes sonham em se formar e conseguir uma atividade profissional que preencha todos os seus sonhos e ainda lhes proporcione bons rendimentos. Nem sempre surgem boas oportunidades no início da carreira, sendo que muitos passam por períodos de indefinição, estagnação mesmo.

O mercado de trabalho na seara jurídica, por exemplo, apesar de saturado, continua bem atrativo, tanto em órgãos públicos, quanto na iniciativa privada, o que demonstra que o estudante enfrentará um ambiente extremamente competitivo.

Grande parcela dos estudantes sonham com uma carreira pública, alcançando bons salários e estabilidade profissional. Ocorre que o concurso público vai exigir muitas horas de estudo e investimento financeiro em materiais e cursinhos, sendo que existem cargos que chegam a ser disputado por mais de 6.000 pessoas.

Também há aqueles alunos que almejam atuar na iniciativa privada. Estes profissionais precisam desenvolver um perfil combativo, com técnicas atualizadas para melhor defender os interesses dos seus clientes e se destacar dentro de sua área de atuação.

Como professor universitário, muitas vezes sou instado pelos alunos com a seguinte pergunta: existe um emprego perfeito?

Frente a pergunta, inconscientemente, lembro da época em que ainda estava nos bancos da Universidade, onde passei pelas mesmas dúvidas e angústias dos meus alunos. Recordo-me de que no último ano do curso estava estagiando na Procuradoria da Fazenda Nacional, momento em que sonhava em me formar e ganhar de imediato um salário alto, lecionar no curso de Direito e passar em um concurso público. É óbvio que nada disso aconteceu! Não ao menos no tempo que deseja. Ao contrário do que imaginava, como advogado recém-formado, recebi um salário bem modesto e tive que esperar um tempo para ser aprovado em um concurso público.

Quem se depara com este tipo de dúvida, como foi no meu caso, deve adotar estratégias para que a solução seja a melhor, dentro do possível.

Primeiramente, é não dar início a um processo de busca profissional sem avaliar bem qual será o resultado em caso de não alcançar o seu êxito. Digo, avaliar todas as circunstâncias, colocar sob análise todos as situações prós e contras. Conversar com algumas pessoas experientes em quem tenha confiança.

É bom criar expectativas e sonhar com uma situação melhor em longo prazo, mas é necessário pensar no curto prazo também. O estudante deve focar em suas necessidades presentes, estabelecer metas objetivas, conhecer as oportunidades do mercado, a fim de ter clareza sobre onde quer chegar e o que quer alcançar.

É preciso compreender que a leitura em demasia, a necessidade de conseguir um estágio, a cobrança dos professores, além de outros desafios fazem com que esta fase se torne frequentemente estressante. Mas tudo isso é essencial para que o estudante compreenda que o mais importante é o caminho que percorremos em busca de nossos objetivos e não o resultado em si.

Os sonhos que tive como estudante de Direito fez com que desenvolvesse uma ambição profissional. As vezes angustiante, por não conseguir alcançar meus objetivos no tempo que imaginei, mas permitiu que, atualmente, possa valorizar minhas conquistas, que acabaram acontecendo após muito trabalho árduo. Compreendi que um concurso público demanda muitas horas (muitas mesmo) de estudo e que para me tornar um professor teria que ter uma bagagem teórica e prática que garantisse uma qualidade no desenvolvimento das minhas atividades, não sendo suficiente somente a vontade.

Para aquele estudante que visa a escolha profissional – concurso público ou iniciativa privada – é imprescindível provocar uma conversa franca com os que serão afetados pela sua decisão, tais como marido, namorada, pais, etc, É natural que alguns estimularão, outros dirão ser loucura. Contudo, com as respostas, sempre existirá informações que servirá para se ponderar as opções existentes.

Outro aspecto que os estudantes muito se apegam é a respeito da recompensa financeira da profissão. Claro que é importante receber um mínimo que permita acesso ao conforto de uma boa moradia, automóvel e outros bens assemelhados. Porém, não é suficiente para alcançar um sentimento que se aproxime da realização profissional.

Em linhas gerais, pode-se afirmar ser um erro supor que os ganhos financeiros sejam a solução isolada para as frustrações com a profissão escolhida. Na verdade, passada a euforia de ter acesso a bens e serviços antes inalcançáveis, o dinheiro isoladamente não trará maior felicidade, uma vez que aquele emprego que tanto se esperou, pode revelar-se monótono com o passar do tempo.

Portanto, a dica que deixo aos estudantes e recém-formados é de que quando se faz o que gosta, terá a seu favor possibilidades maiores de enfrentar as adversidades profissionais. Após obter o prazer pelo trabalho, deve o profissional ser “bom” naquilo que realiza! Em outras palavras, deve o profissional procurar identificar as oportunidades, fazer contatos (networking), amizades com pessoas e grupos que agregam valor a sua vida profissional e, principalmente, manter-se atualizado na área de atuação, com constantes cursos e especializações.

.

Helton Kramer Lustoza

Procurador do Estado

Professor do Curso de Direito da UNIPAR

www.heltonkramer.com